06 outubro 2006

Meu voto não é nulo. E o seu?

por Adriana Thiara

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do último dia 06 de setembro, acabou com uma das correntes que vinham ganhando força no Brasil, principalmente entre os eleitores com maior grau de instrução e com a Internet: o voto nulo.

A distinção, feita pelo Plenário do TSE no julgamento de um recurso (Respe 25.937), esclarece as dúvidas sobre a aplicação do artigo 224 do Código Eleitoral (Lei 4.737/65) que dispõe sobre a nulidade de uma eleição.

Os votos anulados pelo eleitor, por vontade própria ou por erro, não se confundem com os votos anulados pela Justiça Eleitoral em decorrência de ilícitos - como falsidade, fraude, coação ou compra de voto.


Assim, caros amigos, mesmo que nossa indignação fale mais alto ou berre para que anulemos nosso direito ao sufrágio, que tal repensarmos se realmente vale a pena anular.

Bem sabemos que, o cenário que se descortina em frente aos nossos olhos não é o mais belo ou inspirativo e, que a maioria dos políticos ou candidatos que se oferecem para nos representar são muito mais pecadores do que nós, pobres mortais.

Entretanto convém que façamos como as crianças, que na plenitude da inocência, encontram resposta e atitude correta para tudo. Veja um bom exemplo de saída das crianças: duas professoras estão na mesma sala de aula. Mas elas são diferentes, uma é mais carinhos e atenciosa com todos. A outra é sisuda e de poucas palavras.

Suponhamos que hoje fosse dia das crianças, e elas perguntassem a meninada: “Quem quer pirulito”. E ambas saíssem distribuindo. Cada criança teria ganho dois doces, cada um dado por uma professora. Hora crucial. Elas então perguntam “Quem quer ganhar o beijo da tia?”

Tenho a certeza deste final: a professora tida como a boazinha sai na frente, com uma fila de crianças loucas por aquele beijo adocicado.

É mais ou menos assim que devemos fazer... devemos fingir cair na conversa destes homens que se dizem de bem, que ficam dando “agradinhos” e prometem fazer mundo e fundos pelo povo, por estados e pela nação. Mas é só para fingir, naquele dado momento, e depois usar nossa capacidade crítica para separar o joio do trigo.

Mesmo porque, se anularmos o voto, os “votantes” vão eleger aquele candidato que está liderando as pesquisas, mas não vale nada; com a omissão, você deixa de apoiar um candidato que tem chances de ganhar a eleição; com o voto válido, aumentam as chances de teremos um representante melhor, e por aí vai.

No dia 01 de outubro, antes de teclar um número inválido e apertar o botão verde, pare e pense: está na ponta dos meus dedos a oportunidade de fazer diferente.


Tenho lido muitos textos sobre o voto nulo e tenho ficado consolada, apesar de ainda estar consternada com as informações bombásticas sobre políticos e candidatos deste pleito.

O senador Renan Calheiros, presidente do Congresso Nacional em entrevista a revista Nordeste (edição de setembro de 2006), disse: “A sociedade Brasileira, tenho certeza, vai saber transformar a indignação diante de tantas denúncias, de tantos, escândalos, em voto consciente,

O professor e sociólogo Ricardo Antunes, em seu artigo Voto Nulo?, afirmou: “A política, concebida e praticada ao modo tradicional, encontra-se no fundo do poço. Do descrédito total ao parlamento, Câmara e Senado, à tese baseada no senso comum de que “todos são iguais”, há bons indícios que justificam a descrença total nos caminhos da política”. (ver http://www.espacoacademico.com.br/064/64esp_antunes.htm)

Pois bem, chega de senso comum. Se você quer mais respeito, vote. Se você quer educação pública de qualidade, vote. Se você quer postos de saúde e um SUS decente, vote. Quer se sentir seguro ao andar pelas ruas com sua família, vote. Quer poder comprar mais uma cesta básica, vote. Quer ser cidadão, vote.

Então, pare de se enganar.

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