04 julho 2007

Celebração da vida e morte*

Por Adriana Thiara

Qual a relação que um aniversário tem com um velório?
Enquanto um representa vida, (re)começo, novo, o outro traduz, morte, dor, perda.
E ambos são momentos de celebração... meio previsíveis, litúrgicas, pessoais, evocativas, emocionantes, chorosas e sem dúvida, marcantes.

Hoje, 03 de julho de 2007, é meu aniversário.
Hoje, 03 de julho de 2007, foi o enterro de José Cabral, esposo da minha amiga Lia Fonseca.

Hoje...

Acordei cedo, com um suave e delicioso beijo na testa. Apesar de ter achado péssimo, porque me tirou do estado de preguiça absoluta do “antes de despertar”, fiquei feliz, porque a autora, minha mãe, é minha vida. Levantei assanhada, cambaleando, olhei para Yuri que dormia como um príncipe e comecei o dia.

Permiti-me chegar 15 minutos atrasada, para poder tomar um super café da manhã: sopa e torrada. Tomei banho e senti vontade de sair de casa mais básica do que nunca. Exitei em me vestir de qualquer jeito, pois hoje, 03 de julho, é meu aniversário. Entretanto, vesti uma calça corte faca preta, uma blusa nadador azul marinho, sandália dourada baixa, carreguei comigo um casaquinho preto e óculos escuros para completar o visual. Peguei o ônibus e cheguei a Artecetera, agência onde trabalho.

Estranhamente, às 8h15 de uma terça-feira de sol, a Artecetera estava silenciosa. Cumprimentei a Bella, recepcionista, e o Luis, o novo financeiro da Agência. Como sempre, fui até a Criação, deixei minha bolsa em cima da mesa, falei com dona Rosa, a faxineira, e voltei à recepção, para ler os jornais. Parecia tudo igual se não fosse o aquele silêncio ensurdecedor.

- Seu Cabral faleceu. Disse Bella.

Agora tudo fazia sentido.

Aos poucos as pessoas foram sendo mobilizadas para comparecer ao velório.
Ao mesmo tempo eu atendia os amigos que me felicitavam neste dia.

Hoje, 03 de julho, é dia de reflexão.

Durante toda manhã percebi como é ambígua a relação vida e morte e apesar de ter sido surpreendida com o falecimento de Cabral, que certamente abalou a sociedade alagoana, estava muito confortável, pelo fato de me sentir muito perto de Deus. Contraditório, não?

Mesmo num momento muito delicado como o de hoje, emocionei-me muito com a frase da Lia.

- Logo hoje?!
Ela se referia ao meu aniversário, que acabei sabendo por amigos em comum que ela estava preparando uma surpresa para mim.

Bem... costumo escrever minhas crônicas (http://athiara.blogspot.com) e deixar sempre uma conclusão para os fatos.

Hoje, 03 de julho, é dia de fazer diferente.

*esta é minha homenagem a Lia Fonseca, esposa de José Cabral, empreendedora, forte, linda, fiel e minha amiga.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Thiara, tenha só uma certeza: vc faz diferente todos os dias. Vc surpreende sempre.
Agradeço todos os dias pelas pessoas especiais que cruzam minha jornada.
Feliz aniversário!
Bjs no coração

6:21 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Thiara,

Adicionei seu blog no meu. Para mantermos mais contatos e para continuar bem pertinho dos seus textos.
Um grande beijo!!!
:**************

Elisa (ex-estagiária do Sebrae)

2:14 PM  

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