27 outubro 2007

O escritor e jornalista

Por Adriana Thiara

Tive uma experiência inusitada na manhã de 26 de outubro.
Num misto de tietagem e abobalhamento, tive o prazer de conhecer Zuenir Ventura, um escritor, jornalista e professor.

Zuenir, como o chamei durante todo o tempo, é uma pessoa acessível, simpática e, como todo bom professor é humilde e divide o que sabe. Apesar de nem saber a dimensão da bagagem pessoal e profissional dele, sabia que ele era “o cara, topado”!!!

O primeiro contato que tive com ele foi pela TV... assisti a entrevista que eu mesma tinha articulado na TV Gazeta e fiquei impressionada com a lucidez e objetividade de Zuenir. Uns 40 minutos depois, nos conhecemos, pessoalmente no portal de entrada da Bienal do Livro, onde ele ministrará uma palestra sobre seu último livro “Minhas histórias dos outros – 50 anos de jornalismo”, no dia 27.

Fui apresentada como “a moça da imprensa”, mas isso nem me chateou muito, Zuenir me abraçou e me beijou como um amigo faz a uma amiga de longa data... Pronto... já estava amiga de infância.

Encaminhei-o à sala de imprensa.

Começou a tieagem pessoal.




Foto pra cá, foto pra lá... e ele como sempre, simpático e muito acessível.
Mas... o motivo que o trouxe a sala de imprensa era o artigo semanal para O Globo.






Silêncio total.

Hora da produção intelectual.

Hora de fazer as minhas fotoblogs.




E mesmo compenetrado, Zuenir fez pose, sorriu e, desta vez, ele foi quem pediu aulas sobre como usar nosso notebook. Ficamos amigos de berçário.

Em menos de 30 minutos, ele escreveu seu artigo, ou melhor, passou a limpo. Apenas digitou o que tinha escrito num caderno escolar que cabia perfeitamente na jaqueta típica dos jornalistas do século XX e comum nos entre os anos 60 e 80.

- Sou um analfabeto em computador. Envio toda semana estes artigos, mas tenho que reenviar porque nem sempre acerto. Comentou sem nenhum melindre conosco.

A aspirante a jornalista Gabriela Rodrigues foi quem, cuidadosa e pacientemente, enviou os arquivos, orientando ao Zuenir a cada passo dado. Só sei que a ele disse a Gabriela que não iria se acostumar com internet.

Novos modelos... velhas teorias...

Comecei a refletir sobre o perfil do jornalista do século XXI, que horas mais tarde seria tema e motivo de debates com Carlos Heitor Cony – O desafio da Comunicação – também jornalista, com mais de 60 anos de profissão, escritor e taxado como “pessimista”, por mostrar um retrato negativo da nossa atividade.

Zuenir e Cony são opostos. E se atraem.

Mesmo com visões diferentes sobre jornalismo, ambos são considerados os best sellers da literatura na atualidade. Além de amigos, é claro.

Ontem, 26 de outubro, Zuenir veio assistir a palestra do Cony, por isso tive a oportunidade de ficar um bom tempo desfrutando da sua cordial companhia de “amigo de infância”.

Mesmo querendo contar muitos detalhes de estar em contato com um veterano na minha profissão e um expert na literatura como aspiro ser, creio que serão momentos apenas meus... especiais e reflexivos.

Enquanto percebi o estilo e o brilho no olhar do foca no Zuenir, senti o cansaço e a desesperança do experiente Cony. Duas medidas na mesma balança e apenas eu posso dosar o que eu desejo para meu futuro com esta sensação de entendi o que ainda não vivi.


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26 outubro 2007

Arregaçando as mangas...

III Bienal Nacional e I Internacional do Livro de Alagoas
Além de vestir a camisa... eu arregaçei a manga.
Muito trabalho e... olhieras...

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21 outubro 2007

O escritor e educador

Por Adriana Thiara

Contratempos à parte, na noite do dia 20 de outubro, tive que cobrir a palestra do escritor e educador Rubem Alves.

Minha sinceridade não me deixaria mentir... excetuando o nome, que soube há cerca de um mês em virtude da III Bienal do Livro, não sabia mais nada sobre ele (a não ser o genérico escritor e educador, afinal, numa evento ligado a literatura, se o cabra não foi escritor é educador. Isso é básico e não falha).

E sem saber nada sobre a figura, acabei tendo que receber o nobre doutor das letras e dono de um legado na literatura invejável, que por bênção e consentimento divino (isto é sério), teve a felicidade de me ver impecável em minha humilde figuração atuação profissional (e quiçá artística) em sua chegada.

Pouco antes, a coordenadora do evento me liga e pergunta como as coisas estavam. Tudo certo e todos prontos. Mas para ela, nada estava certo ou pronto. O brinde que deveria ter sido entregue a todos os palestrantes não foi deixado no hotel com antecedência, assim o Rubem (olha a intimidade!) ficou sem o mimo. Comprometi-me que, quando ela e o Rubem chegassem o Centro de Convenções, lá estaria eu, esguia e bela (na verdade, eu estava feia, suja e descabelada), com o brinde à mão.

- Atenção, bolsistas! Operação Rubem Alves começou. Disse eu pelo comunicador, já antecipando que o escritor e educador estaria no local em menos de cinco minutos.

Mas, o que ela não imaginava, era que a sala Manoel Correia de Andrade, nome do Patrono da III Bienal do Livro e local onde Rubem Alvas iria ministrar sua palestra, estava com sua capacidade máxima e quem não conseguiu entrar estava a ponto de armar um barraco.

Daí... alguém teve a brilhante idéia de se fazer uma transmissão de áudio para fora da sala, que contemplaria aos ferozes e furiosos aspirantes a ouvintes do Rubem Alves.

Ufa!!! Graças ao dono dessa brilhante idéia (nada inovadora mas bem prática), eu tive tempo de me articular com a equipe de som, solicitar aos bolsistas que arrumassem umas cadeiras, providenciar alguns outros detalhes e... em cinco minutos, lá estava eu chegando no estacionamento do Centro de Convenções, com o brinde e sem fôlego!

Ahhhh... parecia cena de filme...
Eu me aproximando do local marcado e o carro com a coordenadora do evento e o Rubem chegando na mesma hora... sinta-se à vontade para reproduzir mentalmente esta cena...

Eles desceram e a coordenadora me chamou.

- Thiara...
- Tudo certo. A sala está lotada e tem muita gente na fila de espera. Disse eu quase confiante.
- Ótimo. Será que nós poderíamos colocar um telão e um som fora da sala para que as pessoas pudessem ouvir a palestra? Ela perguntou baixinho, no momento em que Rubem Alves (agora sim, além do nome, eu já podia dizer que sabia quem era, pessoalmente, o escritor e educador) aproximou-se de nós.
- Já foi providenciado.

Ela abriu um sorriso com 64 dentes e virou-se para Rubem. Fomos apresentados formalmente.

- Pois é, sabe aquela história que contam “quando você ia com o milho eu já vinha com o fubá”. Você é assim...

Este foi o elogio que Rubem Alves deixou de presente para mim. Depois desta... fiquei amiga de infância dele.

Recebi um abraço e fomos à sala.

Eu nunca poderia imaginar que uma cara de 74 anos (ele mesmo disse a idade, tá) fosse uma pessoa tão jovem e com uma filosofia de vida tão pura e simples. A começar pelas duas frases que ele mesmo disse ter casa numa placa de madeira, ambas em latim:

O tempo é hoje.
Aproveite o dia.

Lembrei de um amigo que sempre me dizia: O difícil na vida é ser simples.

Rubem Alves falou no início da palestra:
Quando o tempo é curto e a gente tem noção que a vida é curta, descobrimos que o objetivo da vida é ter prazer e para cada dia da vida que você não teve gozo ou prazer, este dia não foi seu”.

Em duas horas, ouvi Rubem Alves dar muita informação interessante. E anotei todas elas. O que deveria virar uma matéria, já é um recorte, uma crônica, mais uma das minhas histórias...

Com muito bom humor, simpatia e sabedoria (palavra que ele gosta de falar para identificar o professor que ensina o que não conhece*) arrancou aplausos 10 vezes (média de uma salva a cada 12min).

A palestra foi sobre “A educação dos sentido”, onde ele provocou aos expectadores a serem educadores do prazer e da inteligência. Prazer em conhecer, de experimentar, do fazer, do participar, de inovar, de sair da casca e usar a melhor ferramenta que a educação dispõe: o corpo e os sentidos.

Rubem Alves disse:
A educação brasileira é baseada em ensinar nomes e conceitos que nunca serão usados. Os sentidos dão a criança a capacidade de aprender. Costumo dizer que o aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento faz seu trabalho.

Neste momento me veio à cabeça que ele comentou que a inteligência é como o pênis (sem malícia). Em uma metáfora que deixou a platéia aos risos e logo em seguida em reflexão, explicou que o pênis é um órgão excretor, flácido, apontado para baixo e ridículo, mas quando provocado, cresce, faz prazer, dar prazer e gera a vida.

A inteligência é flácida, mas se for provocada, sofre transformação e propicia transformação.

Depois da palestra seguida da seção de autógrafos, só queria chegar em casa e contar como foi importante para minha formação esta experiência, mesmo sem saber se o que aconteceu antes de eu o conhecer tinha alguma relação com as minhas conclusões. Como pessoa, mãe, profissional e candidata a professora, fui sensibilizada pela metodologia dos sentidos que nos ensina a olhar para o que não se vê e a pensar como seria o que não foi visto.

Ah... para que não termine este relato dizendo que não conheço Rubem Alves, posso, convictamente, dizer que conheço um grande escritor e educador. E ainda fiquei bem na fita.

* segundo Rubem Alves, ensinar o que não se conhece é orientar. O exemplo que ele usou foi. Se minha filha pergunta onde é a rua Tal e eu não souber, vou dar a ela informações, subsídios, caminhos, para que ela descubra a rua Tal que eu não sei onde fica.

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04 outubro 2007

Mandamentos e pecados em Assessoria

Sugestão de leitura: Como administrar informações – em on e off – na assessoria de imprensa de Marcelo Tavela
Disponível em http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D39489%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D43910783401%26fnt%3Dfntnl

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